MARINA NO JORNAL NACIONAL

Carlos Novaes, 27 de agosto de 2014

(veja o video com minha análise do debate na BAND aqui)

A entrevista de Marina ao Jornal Nacional que acaba de ir ao ar não foi esclarecedora por duas razões: os entrevistadores, mais uma vez, limitaram sua atuação ao papel improdutivo de quem pretende nocautear o entrevistado, e a entrevistada se deixou limitar pela bitola estreita dos questionamentos, acreditando que devia explicações aos jornalistas e não esclarecimentos ao telespectador-eleitor. A imagem geral foi de impertinência.

A impertinência de Bonner e Poeta fica clara quando nos damos conta de que QUALQUER resposta de Marina seria insuficiente para eles, que não se contentariam com menos do que a capitulação irremediável da candidata. Ora, uma entrevista armada desse jeito não pode oferecer nada mais do que frustração para quem assiste, pois quem deveria proporcionar o desenrolar do jogo assumiu a postura de concluí-lo. Os apresentadores do Jornal Nacional esqueceram que seu papel não é dar a última palavra, mas proporcionar elementos para que o eleitor o faça.

Marina foi impertinente porque não soube se desvencilhar das amarras, aceitou empacar em falsos problemas e, pior, buscando refúgio na reputação de sua trajetória, que não estava em questão. O caso do avião é totalmente artificial e secundário, e ela deveria ter matado a questão separando com clareza as condições de contratação das condições de propriedade do veículo – não faz nenhum sentido culpar alguém por ter alugado um taxi cujo documento de propriedade foi fraudado, ou cujo IPVA não foi pago. O caso do “quem conhece não vota” teria sido ultrapassado com a apresentação de uma única evidência: Marina ficou em terceiro no Acre porque havia deixado o conforto do partido que criara, o vitorioso PT local, justamente para propor o novo. Por isso, deixou de contar com toda uma rede vencedora de apoio, escolhendo o caminho pedregoso de redirecioná-la, contrapondo-se a ela.

O caso do Beto Albuquerque é uma dificuldade real e Marina está pagando o preço de nem sempre discernir o que é convivência com o diferente e acomodação contraproducente com o inaceitável: já foi assim no PV, em 2009 – deu no que deu, uma vez que não entendo os celebrados “quase 20 milhões” de votos como uma vitória, o potencial era para muito mais, já naquela altura. Não obstante os problemas de ter alguém como esse politicão convencional como vice sejam reais, Marina poderia ter se saído melhor na resposta ao Jornal Nacional se estivesse mais pronta/disposta para apresentar conteúdos objetivos de seu projeto para onde governar o Brasil, pois conteúdos claros teriam permitido apresentar o solo firme, se ele existe, que sustenta essa aliança entre diferentes. Mas não. Mesmo nas considerações finais escolheu a vaguidão.

Moral da história: diante de uma tentativa obtusa de atingir a credibilidade da candidatura em temas que lhe são caros, a saber, a ideia de uma nova política e a concatenação de diferenças, Marina deixou escapar mais uma oportunidade de dizer a que veio e se refugiou na credibilidade de um passado que ninguém informado e honestamente motivado pode negar, mas que é insuficiente quando se tem em mente a disputa presidencial.

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