Carlos Novaes, 08 de dezembro de 2015
Não, leitor, eu não combinei com Michel Temer o texto da carta em que ele escancarou para todo o país suas sempre mal disfarçadas e desleais ambições políticas, embora o texto do vice pareça voltado a chancelar o que elucidei aqui (especialmente no terceiro e quarto parágrafos). Digo que o vice derrapou na lama do Cunha porque Temer não entendeu que o gesto tresloucado de Eduardo Cunha foi exatamente isso: uma tresloucada ação isolada, sem lastro político real – e que, por isso mesmo, toma por um arremedo de lastro essa “crise” política fajuta que já havia se esgotado com a reforma ministerial em que Dilma entregou o governo ao p-MDB, como tratei aqui e aqui.
Digo que a ação de Cunha é isolada porque ela não atende a nenhum ator coletivo realmente importante na vida nacional. Ela não atende aos interesses do chamado mercado, não dá resposta real à opinião pública, ameaça o equilíbrio interno do próprio p-MDB (que depende de que nenhum cacique tenha poder incontrastável) e não atende sequer ao PSDB, que já havia recuado diante da desmoralização a que foi levado pelo seu golpismo e, agora, continua dividido diante de um encaminhamento de impeachment que já havia ficado para trás. Cunha agiu para gerar balbúrdia no fito de tentar se safar, simples assim. E Temer, num erro de cálculo monumental, deu uma de Jânio e embarcou na aventura por sua própria conta e risco!
Ao divulgar a carta desastrada que recebeu, Dilma não apenas mostra uma inusual sagacidade política diante das dificuldades do momento como também dá uma grande contribuição ao país, permitindo que todos vejam o material de que Temer é feito e obrigando o p-MDB que vem tomando posse dos cargos governamentais a se posicionar claramente em prol dos próprios interesses fisiológicos, que, parece, se chocam frontalmente com as ambições do vice.
Carlos Novaes a onde vai parar uma das maiores potências chamada Brasil ..será que o pulmão do mundo nunca vai conseguir parar essa bola de neve que cada vez mais está aumentando o seu tamanho? Ou estamos vivendo uma verdadeira TORRE DE BABEL…..abraços…
Novais, qual o papel que a grande mídia (globo, record etc.) está cumprindo nesse processo de impeachment?
Acabei de ler artigo de Laura Carvalho na Folha: O programa “Uma ponte para o futuro”, do PMDB, não é nada interessante para o Brasil.
O que virá em termos de mudança é que eu não sei.
Meu palpite é que esse Temer será presidente, tendo Serra como principal ministro. O que virá eu já não sei.
A verdadeira crise política pode vir com as delações do Delcídio e do Cerveró?
Foi o que eu disse em REAÇÃO EM CADEIA.
Caro Carlos Novaes,
Sempre fui um apreciador dos seus comentários quando o sr. participava do Jornal da Cultura, geralmente às sextas. Ocorre que, como o sr. deixou aquela bancada, fomos privados de suas valiosas análises durante o período do cinquentenário do golpe de 64 em abril do ano passado. Como eu faria, no seu blog, para ler a sua análise desse período? Em qual texto ela aparece?
Grato pela atenção dispensada.
Willian,
tanto quanto me lembro, não há neste Blog nenhuma análise do período da ditadura de 64. Há análises de circunstâncias políticas do período, como na série de artigos DESIGUALDADE, MUDANCISMO E VOTO, ou em posts sobre a POLÍCIA MILITAR. Sugiro que você tente na janela de pesquisa.