Carlos Novaes, 13 de março de 2016
O abismo entre o que o lulopetismo simbolizou e o que seus líderes entregaram é de tal ordem que não há nada a resgatar para as lutas vindouras contra a desigualdade, salvo o fato de que o lulopetismo passa a ser o exemplo mais acabado do que deve ser evitado nessa luta: sucumbir às oportunidades que a luta organizada contra a desigualdade abre aos seus líderes para contornarem em benefício próprio as agruras impostas por essa mesma desigualdade à maioria da população, cujos interesses eles supostamente representariam. O desmascaramento do apego dos líderes do lulopetismo ao dinheiro deu ocasião ao espraiamento da boçalidade conservadora do “outro lado” porque desmoralizou até mesmo a mera compaixão pelos menos afortunados, que dirá a ação pública para ampara-los. Todo um universo simbólico da luta social e por uma ordem política alternativa foi desmoralizado e as manifestações deste domingo foram o velório apoteótico dessa implosão, que será consagrada nas missas de sétimo dia anunciadas para a próxima semana, por menos que assim queiram enxerga-las os fiéis remanescentes da “causa”.
As manifestações deste domingo contra Dilma, Lula e o PT foram expressivas. Mas o foram por duas razões: primeiro, porque o que está, com justa razão, sendo execrado, já não pode reagir, já acabou; e, segundo, porque essa execração atende ao status quo, pois arrasta junto toda a ordem simbólica alternativa acima mencionada, construída durante décadas contra a dominação rotineira dos promotores da desigualdade, que sabem ter voltado ao protagonismo político nessa hora em que se dá a gestação de uma ordem política substituta que lhes garantirá a manutenção da mesma desigualdade. O que houve neste domingo foi uma comemoração em torno de um suposto inimigo vencido, não luta contra ele. Este domingo foi a apoteose de uma desorientação: ao se livrar de uma mentira recente, o país se prepara para aceitar como alternativa pseudo novidades saídas de uma mentira mais velha e, por isso mesmo, mais solidamente danosas, cumprindo-se a máxima de que dias de festa são véspera de muita dor.
Novaes, o PT serviu como um dique que barrou o rio caudaloso da CAUSA. Pelo que li no blog o PT perdeu a classe media faz tempo.
Depois se segurou no sentimento governista dos pobres. Como casar os defensores da causa, os verdadeiros, com os beneficiarios da causa num pais analfabeto, semianalfabeto.
E pior como casar a Causa economica, a causa social, a causa da liberdade num só movimento com coerencia? De verdade eu acho impossivel surgir um novo PT
Digo um partido de massas, que tenha programa claro de combate á desigualdade, um pt dos anos 80.
Bom ,talvez daqui a 50 anos quem viver vera
Ou nao
Penso que com a conjuntura política que passamos, o terreno já está pronto para o que é de mais reacionário e conservador neste país. É preocupante.
Saudades de suas entrevistas na TV. Renata.
Penso o fio da Lava Jato mais encapado do que parece…