Carlos Novaes, 03 de junho de 2021
O que sempre soubemos: Bolsonaro nunca aceitou a disciplina do Exército e tampouco perdoou os dissabores vividos na força, que o puniu por atos de indisciplina. A novidade: ao decidir não punir a participação do general Pazuello, da ativa, em ato político de apoio a Bolsonaro, o comandante do Exército se rende à indisciplina do ex-tenente que almeja montar um exército seu para tornar-se ditador.
Não punir Pazuello é abandonar o regulamento do Exército, favorecendo a indisciplina coletiva e seu desdobramento mais direto: a quebra da hierarquia. Quebrar a hierarquia militar da PM tem sido a atitude básica dos agrupamentos milicianos, nos quais manda quem for mais resoluto na hora de provocar danos, independentemente de patente.
A maioria da sociedade brasileira já não pode enxergar o Exército sequer como uma instituição do Estado de Direito Autoritário, pois o que acaba de acontecer é um passo além das “quatro linhas” até do autoritarismo do Estado de direito brasileiro. Ao optar por uma decisão tão contrária à preferência de muitos dos seus pares, encolhendo-se para preservar rotina de benesses, o comandante do Exército põe a crise de legitimação do Estado em um patamar que encoraja os delírios ditatoriais de Bolsonaro.
Professor,
Essa decisão do exército foi preocupante. Isso é um sinal verde para Bolsonaro? ou apenas uma acomodação diante dos privilégios que os militares têm desfrutado nesse governo e se for isso, Bolsonaro não pode requerer sua condição de ditador? passando da bravata para uma condição real?
Ao que parece, o comandante do Exército não puniu Pazuello para não arriscar ser substituído no comando por Bolsonaro. Como irão impedir a presença de militares da ativa na manifestação motoqueira favorável a Bolsonaro. já marcada para SP? Bolsonaro e os seus foram encorajados em seus delírios ditatoriais, que continuam delírios, mas com ares de que ganharam terreno.