Carlos Novaes, 19 de junho de 2021
Ciro Gomes precisa dar um rumo digno para sua história política, e ele não o fará se insistir em ser um candidato inviável à presidência da República, especialmente se essa insistência se der em busca do apoio eleitoral de facções à direita do espectro político convencional, movimento fadado ao insucesso e que deixará o PDT em situação fragilíssima. A direita convencional jamais confiará a Ciro (e, menos ainda, ao PDT) a condução dos seus interesses — o que é outra maneira de enxergar a inviabilidade de uma indesejável “terceira via” das facções.
Se quiser evitar o fiasco que se anuncia para sua candidatura à presidência, Ciro precisará dar dois cavalos de pau para realizar um lance de mestre: primeiro, parar de insultar e caluniar gente decente que pensa diferente dele; segundo, parar de empregar o linguajar da direita, a violência dos autoritários e a intemperança dos irritadiços ao fazer o necessário e oportuno combate político ao Lula; terceiro, reunir os dois cavalos-de-pau anteriores para dar potência a um lance de mestre: ser candidato a governador de São Paulo fazendo oposição ao PT e se apresentando como alternativa tanto ao bolsonarismo arrependido do PSDB, quanto ao frentismo de Boulos, representante mais notório da autointitulada esquerda aderida ao Lula.
Ao realizar esse movimento, Ciro livraria o PDT de um naufrágio certo, abriria uma alternativa para si, e colocaria vários candidatos do partido em boas condições nas disputas regionais pelo Brasil afora, especialmente nas eleições para a Câmara e para Governador, cujos candidatos, entre outras vantagens, se livrariam do desgaste de ter de “cristianizar” a inviável candidatura presidencial de um correligionário.