Carlos Novaes, 15 de agosto de 2021
À luz da conjuntura, a prisão de Roberto Jefferson foi positiva e um lance de mestre de Alexandre Moraes: primeiro, porque o mensaleiro arrependido já havia passado de todos os limites em sua defesa da ditadura para proteger a liberdade… Prendê-lo, assim como no caso do Silveira, deu mais um sinal de que o caminho que eles gostariam de trilhar está bloqueado; segundo, porque em seu fervor pelo chefe, Jefferson fez de si mesmo o 05 de Bolsonaro — não é como prender a Sara Winter; ao atingi-lo, Moraes expõe toda a bazófia blefadora do besta, pois o obriga a ficar parado sob pressão dos seus seguidores frustrados. O problema deles é encarar a distância entre sonho e realidade.
Vem daí, dessa frustração, o sentimento de urgência que tomou conta do bolsonarismo. E os “frentistas” e defensores de um suposto Estado democrático de direito entram na pilha, até porque o alarido rende atenção pré-eleitoral. Cria-se a ideia de que a situação tornou-se especialmente tensa. Estaríamos na iminência (mais uma!) de um golpe, como pareceu a muitos lá em abril/maio de 2020. Mais uma vez, não é nada disso. Tal como antes, Bolsonaro não sabe o que fazer diante das adversidades e a cada passo afunda um pouco mais no atoleiro em que marcha.
É assim que, quando a gente pensa que a besta esgotou o repertório da própria desmoralização, ela ataca de guarânia paraguaia. Claro, depois do fiasco do desfile da sucata, o jeito de mobilizar o gado é chamar alguém para tocar o berrante. Sobrou para o decrépito Sergio Reis, sem forças para sequer erguer o berrante, que dirá tocá-lo. Vai acabar com o chifre enfiado na testa, feito aquele intrépido invasor do Capitólio — que capítulo triste dessa farsesca tragédia brasileira.
Prezado Carlos Novaes,
Assim como outros colegas já manifestaram, também venho acompanhando suas análises desde suas participações na TV Cultura. Considero sua leitura dos acontecimentos e suas projeções bem consistentes e instigantes. Aprecio sua análise da conjuntura política e social do contexto brasileiro. Parabéns e continue a publicar seus textos.
Grato pela sua generosidade.
Carlos acompanho seu trabalho desde 2002 (à época na TV Cultura) e, desde então, te considero o melhor analista político (inclusive, acho que deveria ter um canal no YouTube)!
Gostaria de acreditar piamente na sua “aposta” no blefe do Boçal (e tento me tranquilizar lendo suas ótimas análises), mas admito que ainda fico com “a pulga atrás da orelha”…
Enfim, gostaria de saber se sua convicção no blefe é fruto “apenas” (muitas aspas aqui) da análise ou se, além disso, ainda tem informações a respeito.
Grande Abraço!
Vejo a cena política segundo a ideia de que vivemos sob um Estado de Direito Autoritário em crise de legitimação provocada pela luta entre facções estatais que disputam o privilégio de “comandar” o exercício faccioso dos poderes institucionais, tudo isso presidido pela desigualdade de renda e riqueza. Daí, levo em conta a intersecção de dois feixes principais: (i) conhecimento prévio (memória) da vida política brasileira e (ii) desdobramentos atuais de velhas formas. Não tenho fontes, nem disponho de informes diferentes daqueles disponíveis a qualquer brasileiro interessado em política. Minha leitura de jornais sequer é diária – a mídia convencional (informação e opinião) no geral corre atrás de coisas já sabidas, como, aliás, já mostrei várias vezes neste blog.
Obrigado pela resposta!
Professor,
Tem surgido hoje, 15/08, novos rumos que dia 07 de setembro, Bolsonaro e sua galera, prepara uma forma de mostrar que se quiserem, tem o apoio das Forças Armadas. Isso sempre me amedronta. Confio em sua análise.
Obrigado!
Ele quer o apoio das FFAA para uma aventura, mas não tem. Então, segue de blefe em blefe. Desfile, já houve um. Foi o fiasco que vimos, com grande contrariedade da alta oficialidade da ativa.
Acompanho suas análises, melhor analista político da atualidade.
Grato.